​Estação João Felipe e Praça da Estação: conheça a história do berço da ferrovia em Fortaleza

24 de abril de 2018 - 13:28

Após demolição do cemitério, terreno ao lado da atual Praça da Estação recebeu a Estação João Felipe, que foi inaugurada no século 19 com o nome de Estação Central (foto: Acervo pessoal/Hamilton Pereira)

A história da ferrovia no Ceará passa por dois endereços importantes da história de Fortaleza: a Praça Castro Carreira e a Estação João Felipe, no Centro. Durante décadas, os dois logradouros alimentaram-se num fluxo cotidiano de cidadania. Uma encheu a outra de passageiros, e esta retribuiu dando-lhe um nome reconhecido por toda a cidade. Hoje, praça e estação se fundem em um só ponto de referência: a Praça da Estação; e são, na verdade, um só endereço. Com muita história a ser contada.

Quando ainda não havia nem praça nem estação, havia nessa região um cemitério, que foi inaugurado em 1849, e recebeu o nome de São Casimiro, em homenagem ao jornalista e advogado Casimiro José de Morais Sarmento, que era o então presidente da Província do Ceará – um dos territórios constituintes do Império Brasileiro. Este foi o primeiro cemitério de Fortaleza, pois até então era comum que os corpos fossem “enterrados” nas paredes das igrejas.

Segundo Sebastião Ponte, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC), ao lado do cemitério foi construída a primeira ferrovia do Ceará: a Estrada de Ferro de Baturité, cuja primeira viagem de trem ocorreu em 1873, quando o São Casimiro já estava desativado, faltando quatro anos para sua demolição, em 1877.

A demolição deu espaço para a construção das oficinas e prédios administrativos da Estrada de Ferro de Baturité. De acordo com o professor, o terreno do cemitério atualmente comporta os prédios e galpões da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), localizado na rua 24 de maio.

Estação João Felipe

Inaugurada no dia 9 de junho de 1880, durante o governo de Dom Pedro II, a estação chamou-se inicialmente de Estação Central, e era constituída por estação de passageiros, oficinas, armazém, galpão de material rodante e casa de locomoção. Em 1941, um decreto do presidente Getúlio Vargas renomeou a estação como Estação Fortaleza. O nome Estação João Felipe, pelo qual o equipamento é conhecido atualmente, veio cinco anos depois, em 1946, através de outro decreto federal.

O tombamento da estação aconteceu no dia 24 de abril de 1980 pelo Programa de Preservação do Patrimônio. O tombamento estadual aconteceu no dia 30 de outubro de 1983 pela lei 16.237. Atualmente, a João Felipe é administrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Saiba mais

O cemitério São Casimiro ficou em funcionamento durante 16 anos, sendo desativado no ano de 1865 por razões sanitárias. O professor Sebastião Ponte, da UFC, explica que no ano de 1860 houve uma epidemia de cólera na capital e grande parte das vítimas foi enterrada no São Casimiro. Além disso, Fortaleza estava em processo de crescimento e o cemitério, que antes ficava à margem da cidade, acabou ficando integrado à ela. Por último, sua localização próxima ao morro Croatá, propiciou que as areias começassem a invadir o terreno. Esses três fatores, segundos médicos da época, apresentavam ameaça à saúde pública fortalezense.

“Era preciso construir um outro cemitério mais distante, obrigatoriamente à oeste da cidade para evitar que os ventos trouxessem para a população os germes morbigênos emanados pelos cemitérios. Nesse contexto surgiu o novo campo santo, o São João Batista, que foi construído em 1873, em Jacarecanga, localidade pouco habitada na época”, esclarece o Professor.

Reportagem: Pedro Alves | Nicole Lima