Nos trilhos, nas obras ou na administração: conheça as mulheres que fazem o Metrô de Fortaleza
8 de março de 2018 - 14:09
Texto: Pedro Alves
Presentes em todas as atividades desenvolvidas pelo Metrô de Fortaleza – seja em obras, operação de trens ou administração – as mulheres atuam em áreas fundamentais para o funcionamento das linhas de metrô e trens utilizadas por cerca de 780 mil pessoas todos os meses, no Ceará. Uma delas é Gabriela Rodrigues da Silva, uma das duas maquinistas numa equipe de quase 84 profissionais nesta área. “Sinto que posso inspirar outras mulheres a tirar da cabeça a ideia de que existe profissão feminina ou masculina”, pontua ela.
Entre os profissionais que gerenciam as estações, Francineide Saturnino se destaca por ser uma das profissionais com longo tempo de atuação na atividade ferroviária. “Foi difícil no começo, pois comecei muito nova, e também por causa das cantadas, que ainda hoje as mulheres precisam enfrentar. Mas com o tempo as pessoas deixaram de me ver apenas como figura de mulher e começaram a enxergar a profissional”, conta, emocionada.
Gabriele e Francineide são exemplos de mulheres que lutam por igualdade entre gêneros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de mais escolarizadas que os homens, as mulheres ainda tem salários menores – 76,5% da remuneração masculina – e dedicam quase o dobro de tempo (18 horas semanais) às atividades domésticas, em comparação com os homens (10 horas semanais).
Mulheres no comando
Quando o assunto são cargos de chefia, também existem diferenças: os homens ocupam 62,2% desses espaços, enquanto as mulheres são 37,8%, segundo os dados mais recentes do IBGE. No Metrô de Fortaleza, duas áreas fundamentais são comandadas por mulheres: a gerência de obras do VLT Parangaba-Mucuripe, em Fortaleza, e a Diretoria de Desenvolvimento Estratégico (DDE).
Única mulher na direção colegiada da Cia Cearense de Transportes Metropolitanos – composta por 6 membros – a diretora de Desenvolvimento Estratégico, Giselle de Negreiros, trabalhou por seis anos na empresa antes de assumir a atual função.
“Eu acredito que dia após dia nós mulheres estamos vencendo barreiras. Não pelo grito, mas mostrando o nosso trabalho, profissionalismo e conhecimento”, afirma ela.
Já a engenheira Alexsandra Martinez, da Secretaria de Infraestrutura do Ceará (Seinfra), gerencia o andamento dos trabalhos nas obras do VLT, e afirma que o preconceito de gênero pode ser anulado com profissionalismo. “A mulher engenheira tem que ter uma fortaleza dentro de si para enfrentar diariamente coisas adversas. No ambiente de uma obra, lidamos com pessoas bem diferentes. Ali, eu sou a engenheira que está no comando e nenhum comandante é fraco”, afirma.
Saiba mais
>> Segundo o IBGE, em 2007, o percentual de mulheres no mercado formal de trabalho era de 40,8%. Já em 2016, esse índice subiu para 44%. Além disso, o desemprego afetou menos o público feminino do que o masculino nos últimos cinco anos, de acordo com o órgão. Entre 2012 e 2016, o total de homens empregados sofreu redução de 6,4%, contra 3,5% no universo feminino.
>> Internacionalmente comemorado no dia 8 de março, o dia da mulher existe para marcar e relembrar as lutas femininas que eclodiram no mundo, desde o final do século 19, e que se intensificaram no início do século 20, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, após a Revolução Industrial. Lideradas por movimentos de operárias, as mulheres protestavam contra baixos salários, más condições de trabalho e pelo fim do trabalho infantil. Entre os fatos marcantes desse período, o mais conhecido é o incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist (Nova Iorque), em 25 de março de 1911, que vitimizou mais de 100 mulheres operárias.
De mulher pra mulher: elas mandam o recado!
Reportagem: Pedro Alves / Nicole Lima / Nardélia Martins
Arte e edição: Pedro Alves
Fotos: Davi Pinheiro/Governo do Ceará